IAL, responsável pelos desafios no programa Pequenos Gênios da Globo, fala sobre altas habilidades

“Pequenos Gênios”: especialistas explicam como identificar e lidar com criança com alta habilidade

O quadro do ‘Caldeirão’ levantou alguns questionamentos, e procuramos profissionais da área para ajudar os pais que têm filhos superinteligentes

 

Saiba como identificar e lidar com um pequeno gênio em casa — Foto: Globo / Paulo Belote

 

Nas últimas semanas, o Caldeirão exibiu os primeiros quatro episódios do Pequenos Gênios. O quadro recebeu meninas e meninos com capacidade de fazer contas complexas em poucos segundos e responder prontamente a perguntas dificílimas. A criançada deu um show de inteligência, lógica, memorização e raciocínio. O quadro também trouxe uma grande discussão sobre como identificar esses prodígios em casa. Muitos pais têm dificuldade em separar o que é um bom desempenho na escola do que de fato é uma criança com altas habilidades.

 

Dessa forma, entramos em contato com profissionais da área para entender melhor sobre o assunto: como identificar e lidar com esses pequenos gênios em casa.

 

O Instituto Alpha Lumen, especializado em crianças com altas habilidades, recomendou ao Gshow duas especialistas no assunto: a psicóloga Angela Virgolim e a diretora da instituição Nuricel Villalonga. As duas são referências do assunto no país. Angela possui mestrado em Psicologia na Universidade de Brasília e é PhD em psicologia educacional pela University Of Connecticut (Uconn), nos Estados Unidos, especializando-se na área de superdotação pelo National Research Center on Gift and Talented. Nuricel é graduada em Física no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), possui especialização em Astronomia e atualmente faz mestrado em Tecnologias da Inteligência Digital – TIDD, da PUC-SP. Além disso, a diretora atua há 42 anos na educação e fundou o Instituto Alpha Lumen, voltado a jovens e crianças com altas habilidades e de baixa renda em todo país.

 

O primeiro passo para identificar um talento precoce dentro de casa é observar algumas características como a criatividade, curiosidade, intensidade e facilidade na aprendizagem. As crianças usualmente apresentam habilidades precoces como vocabulário avançado para a sua idade, e, às vezes, surpreendem a família mostrando raciocínios muito mais elaborados do que o comum.

 

De acordo com as especialistas, algumas características pessoais variam muito, porém alguns traços comuns são possíveis de chamarem mais atenção. Por exemplo:

 

  • Rapidez e facilidade para aprender, abstrair ou fazer associações;
  • Curiosidade e senso crítico exagerados e capacidade para analisar e resolver problemas;
  • Aborrecimento com a rotina;
  • Investimento nas atividades de interesse e descuido com as demais;
  • Profundidade e intensidade emocional incomuns e sensibilidade excessiva às expectativas e sentimentos dos outros;
  • Idealismo e senso de justiça, que aparecem precocemente;
  • Níveis avançados de julgamento moral com forte necessidade de consistência entre valores abstratos e ações pessoais;
  • Vulnerabilidade acentuada às críticas feitas pelos outros com alto nível de necessidade de sucesso e reconhecimento;
  • Habilidade excepcional para esportes, artes, informática ou outros talentos;
  • Conforme a habilidade, podem ter bom relacionamento social e liderança;
  • Muitas vezes apresentam um senso de humor agudo.

 

As características acima não resumem o perfil de uma criança com altas habilidades mas traduzem vários elementos de perfil que geralmente estão presentes nelas.

 

As crianças dos ‘Pequenos Gênios’ mostram seus talentos no palco do ‘Caldeirão’ — Foto: Globo/Camilla Maia

A identificação precoce pode começar na família, por meio da observação de traços que se adiantam ao desenvolvimento. Por exemplo, no bebê e nas crianças pequenas podemos já notar:

 

  • Preferência do bebê por novos arranjos visuais;
  • Desenvolvimento físico precoce: sentar, engatinhar e caminhar antes do esperado para a faixa etária;
  • Maior tempo de atenção e vigilância, reconhecendo as pessoas que cuidam dela desde cedo;
  • Linguagem adquirida mais cedo, rapidamente progredindo para sentenças complexas, apresentando grande vocabulário e estoque de conhecimento verbal;
  • Aprendizagem rápida, com instrução mínima (pouca ajuda ou estímulo de adultos);
  • Curiosidade intelectual, com elaboração de perguntas em um nível mais avançado e persistência até alcançar a informação desejada;
  • Grande concentração quando estão interessadas em algo e persistência na busca de seus objetivos;
  • Interesses quase obsessivos em áreas específicas, a ponto de se tornarem especialistas nestes domínios;
  • Supersensibilidades: apresentam reações muito intensas a ruídos, dor e frustração;
  • Alto nível de energia, que pode ser confundido com hipercinesia ou hiperatividade, quando são insuficientemente estimuladas – às vezes necessitam de menos horas de sono do que o normal para a idade.

 

As especialistas também explicam que algumas pesquisas têm mostrado a diferença do processamento neuronal das pessoas com altas habilidades para pessoas sem.

 

“[Crianças com altas habilidades] teriam maior capacidade em realizar a comunicação entre os hemisférios (direito e esquerdo) com menos tempo e precisão durante o processo de aprendizagem; e apresentam uma eficiência neural, isto é, podem executar tarefas rápidas e com precisão. Isso ocorre porque apresentam um conjunto de neurônios que trabalham juntos, e isso exige menos energia cerebral.”

 

Elas ressaltam a importância da família saber lidar com aqueles talentos sem atrapalhar as etapas da infância. “A família tem que entender que essa criança, mesmo com as características de altas habilidades, ainda é uma criança e passará pelos mesmos processos característicos de cada etapa do desenvolvimento do indivíduo”. Dessa forma, os parentes devem buscar espaços que estimulem à curiosidade delas e que elas também possam buscar desenvolver interações sociais com outras crianças.

 

Elas explicam que por muitas vezes, o preconceito na escola com os amigos podem atrapalhar o desenvolvimento. A falta de entendimento da família ou dos professores também pode prejudicar. Muitas famílias não entendem as necessidades da criança e muitos acabam negando essas capacidades. Já outras, pecam pelo excesso, ressaltando excessivamente a capacidade acima da média apresentada pelo(a) filho(a), o que pode gerar uma pressão em corresponder às expectativas dos pais. Dessa forma, é importante perceber o potencial acima da média desde cedo.

 

“A observação e a aplicação de testes de inteligência podem ser muito úteis. Um psicólogo ou profissionais especializados podem ajudar e orientar os pais nesse processo.”

 

Alguns responsáveis podem ficar na dúvida se é realmente necessário colocar essas crianças em escolas com ensino específico. Elas explicam que a escola tradicional, de fato, não está preparada para lidar com as especificações dessas crianças. “Algumas seguem alguns mitos criados e acabam gerando uma exclusão escolar e invisibilidade desses alunos.”

 

É importante conhecer os programas especializados. Alguns existem desde a década de 70, mas de forma esparsa e inconstante. Em 2005, a Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação – MEC, com apoio da UNESCO, criou os Núcleos de Atividades para Alunos com Altas habilidades/ Superdotação – NAAH/S.

 

Leia a notícia na íntegra no site do GSHOW – Caldeirão Luciano Huck

 

Pequenos Genios’ está no ar no ‘Caldeirão’ — Foto: Rede Globo


FONTE: GSHOW / TV GLOBO