O quadro do ‘Caldeirão’ levantou alguns questionamentos, e procuramos profissionais da área para ajudar os pais que têm filhos superinteligentes
Nas últimas semanas, o Caldeirão exibiu os primeiros quatro episódios do Pequenos Gênios. O quadro recebeu meninas e meninos com capacidade de fazer contas complexas em poucos segundos e responder prontamente a perguntas dificílimas. A criançada deu um show de inteligência, lógica, memorização e raciocínio. O quadro também trouxe uma grande discussão sobre como identificar esses prodígios em casa. Muitos pais têm dificuldade em separar o que é um bom desempenho na escola do que de fato é uma criança com altas habilidades.
Dessa forma, entramos em contato com profissionais da área para entender melhor sobre o assunto: como identificar e lidar com esses pequenos gênios em casa.
O Instituto Alpha Lumen, especializado em crianças com altas habilidades, recomendou ao Gshow duas especialistas no assunto: a psicóloga Angela Virgolim e a diretora da instituição Nuricel Villalonga. As duas são referências do assunto no país. Angela possui mestrado em Psicologia na Universidade de Brasília e é PhD em psicologia educacional pela University Of Connecticut (Uconn), nos Estados Unidos, especializando-se na área de superdotação pelo National Research Center on Gift and Talented. Nuricel é graduada em Física no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), possui especialização em Astronomia e atualmente faz mestrado em Tecnologias da Inteligência Digital – TIDD, da PUC-SP. Além disso, a diretora atua há 42 anos na educação e fundou o Instituto Alpha Lumen, voltado a jovens e crianças com altas habilidades e de baixa renda em todo país.
O primeiro passo para identificar um talento precoce dentro de casa é observar algumas características como a criatividade, curiosidade, intensidade e facilidade na aprendizagem. As crianças usualmente apresentam habilidades precoces como vocabulário avançado para a sua idade, e, às vezes, surpreendem a família mostrando raciocínios muito mais elaborados do que o comum.
De acordo com as especialistas, algumas características pessoais variam muito, porém alguns traços comuns são possíveis de chamarem mais atenção. Por exemplo:
As características acima não resumem o perfil de uma criança com altas habilidades mas traduzem vários elementos de perfil que geralmente estão presentes nelas.
A identificação precoce pode começar na família, por meio da observação de traços que se adiantam ao desenvolvimento. Por exemplo, no bebê e nas crianças pequenas podemos já notar:
As especialistas também explicam que algumas pesquisas têm mostrado a diferença do processamento neuronal das pessoas com altas habilidades para pessoas sem.
“[Crianças com altas habilidades] teriam maior capacidade em realizar a comunicação entre os hemisférios (direito e esquerdo) com menos tempo e precisão durante o processo de aprendizagem; e apresentam uma eficiência neural, isto é, podem executar tarefas rápidas e com precisão. Isso ocorre porque apresentam um conjunto de neurônios que trabalham juntos, e isso exige menos energia cerebral.”
Elas ressaltam a importância da família saber lidar com aqueles talentos sem atrapalhar as etapas da infância. “A família tem que entender que essa criança, mesmo com as características de altas habilidades, ainda é uma criança e passará pelos mesmos processos característicos de cada etapa do desenvolvimento do indivíduo”. Dessa forma, os parentes devem buscar espaços que estimulem à curiosidade delas e que elas também possam buscar desenvolver interações sociais com outras crianças.
Elas explicam que por muitas vezes, o preconceito na escola com os amigos podem atrapalhar o desenvolvimento. A falta de entendimento da família ou dos professores também pode prejudicar. Muitas famílias não entendem as necessidades da criança e muitos acabam negando essas capacidades. Já outras, pecam pelo excesso, ressaltando excessivamente a capacidade acima da média apresentada pelo(a) filho(a), o que pode gerar uma pressão em corresponder às expectativas dos pais. Dessa forma, é importante perceber o potencial acima da média desde cedo.
“A observação e a aplicação de testes de inteligência podem ser muito úteis. Um psicólogo ou profissionais especializados podem ajudar e orientar os pais nesse processo.”
Alguns responsáveis podem ficar na dúvida se é realmente necessário colocar essas crianças em escolas com ensino específico. Elas explicam que a escola tradicional, de fato, não está preparada para lidar com as especificações dessas crianças. “Algumas seguem alguns mitos criados e acabam gerando uma exclusão escolar e invisibilidade desses alunos.”
É importante conhecer os programas especializados. Alguns existem desde a década de 70, mas de forma esparsa e inconstante. Em 2005, a Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação – MEC, com apoio da UNESCO, criou os Núcleos de Atividades para Alunos com Altas habilidades/ Superdotação – NAAH/S.
Leia a notícia na íntegra no site do GSHOW – Caldeirão Luciano Huck
FONTE: GSHOW / TV GLOBO
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